INDÍGENA DO MARANHÃO
Claude d'Abbeville ( ? - 1632) foi um religioso e entomólogo francês que participou da expedição de conquista enviada em 1612 ao Brasil (Maranhão) pelo governo da França . Junto de seu amigo Yves d'Évreux, identificou e batizou com nomes indígenas diversos insetos . É autor da obra “História da missão dos padres capuchinhos na ilha de Maranhão e terras circunvizinhas”( 1614 ).
D’Abbeville ficou no Brasil apenas 4 meses, mas nesse exíguo tempo levantou com perspicácia uma grande quantidade de informações que serviram para compor a sua obra , que inclui não só os episódios mais significativos da permanência dos franceses no Maranhão (edificação da cidade de São Luís, por exemplo ), mas vários casos do cotidiano dos índios .
Num de seus escritos sobre a astronomia indígena dos tupinambás maranhenses , D’Abbeville anotou :
“ A certa estrela chamam os índios januare, cão. É muito vermelha e acompanha a lua de perto.
Dizem, ao verem a lua deitar-se, que a estrela late ao seu encalço como um cão, para devora-la. Quando a lua permanece muito tempo escondida durante o tempo das chuvas, acontece surgir vermelha como sangue da primeira vez que se mostra. Afirmam então os índios que é por causa da estrela januare que a persegue para devora-la. Todos os homens pegam então seus bastões e voltam-se para a lua batendo no chão com todas as forças e gritando, eicobé cheramoin goé, goé, goé; eicobé cheramoin goé, ‘au,au,au ( boa saúde meu avô, au, au, au, boa saúde meu avô’.) . Entrementes as mulheres temem a morte as crianças gritam e gemem e rolam por terra batendo com as mãos e a cabeça no chão. As mulheres, porém, têm medo da morte e porisso gritam, choram e se lamentam....Conhecem também a estrela da manhã e chamam-na jaceí-tatá-uaçu, grande estrela. Dão à estrela vespertina o nome de pirapaném e dizem que é quem guia a lua e lhe vai à frente. Conhecem ainda outra estrela que se acha sempre diante do sol e lhe dão o nome de iapucã, ‘sentada em seu lugar’. Com o início das chuvas perdem essa estrela de vista. Conhecem também o Cruzeiro, bela constelação de quatro estrelas muito brilhantes dispostas em cruz. Chamam-na criçá, cruz”
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