INCIDENTE HISTÓRICO
A ronda do litoral do Brasil pelos corsários franceses começou já em 1503 . Em breve, navios de Dieppe e Saint – Malo vieram encher –se de animais dos trópicos ( papagaios e macacos ) e pau-brasil , dando início a um tráfico crescente que gerou grandes fortunas aos armadores franceses .
O episódio rocambolesco em que envolveu a nau La Pèlerine é emblemático dessa etapa dos verdes anos do Brasil .
Em 31 de dezembro de 1531 , parte do Pôrto de Marselha , com destino a Pernambuco, a nau francêsa La Pèlerine, sob o comando do capitão João Duperret .
O navio pertencia ao Barão de S. Blancard, general das armadas reais de França, e vinha artilhado com dezoito canhões de bronze e outros de ferro ; trazia cento e vinte soldados deguarnição , armados de bestas e lanças, um carregamento de artigos próprios para o comércio com os índios (escambo) , munições de guerra para uma fortaleza e instrumentos e provisões para o cultivo das terra .
A nau La Pèlerine aportou em Itamaracá em dias de março do ano seguinte ( 1532 ) , e a sua gente apossou-se da feitoria real de Portugal ali estabelecida.
La Pèlerine,que partira do pôrto de Marselha a 31 de dezembro do ano anterior, armada pelo Barão de S. Blancard. A nau entrou pela barra do rio Jussará ( Santa Cruz ) fundeou em frente à ilhade Itamaracá, e desembarcando a sua gente apossou-se da feitoria de Pernambuco,apenas guarnecida por seis homens, os quais auxiliados por alguns índios,procuraram, contudo, opor-se ao desembarque dos franceses; mas, facilmentevencidos pela superioridade das fôrças, rendeu-se ao inimigo .Os franceses, apoderando-se do estabelecimento, levantam logo para a sua defesauma fortificação provisória, convenientemente artilhada, e com a guarnição de trinta homens, sob o comando do capitão De La Motte.
Tomada a feitoria e convenientemente garantida a sua posse, trataram logo os franceses de estabelecer relações com os índios, e dentro de pouco tempo já tinham reunido tantos gêneros doBrasil , que mal cabiam nos depósitos construídos para guardá-los; e convenientemente carregado o navio, partiu para Marselha, ficando afeitoria entregue ao capitão De La Motte .
A nau La Pèlerine retorna à França , conduzindo um importante carregamento, que montava em cinco mil quintais de pau-brasil, trezentos de algodão, seiscentos papagaios, três mil peles de animais, trezentos macacos e muitas outras bugiarias; porém, quase no têrmo da sua viagem, teve de cair prêsa de uma esquadra portuguêsa que cruzava na embocadura do Estreito de Gibraltar .
Nessa época, os gêneros coloniais do Brasil tinham a se- guinte cotação nos mercados da França: o pau-brasil valia oito ducados o quintal ; o algodão dez ducados o quintal ; a pimenta três ducados o quintal ; os papagaios seis ducados cada um; as peles três ducados cada uma; e os macacos seis ducados cada um.
Segundo as reclamações do barão de Saint Blancard, a carga conduzida de Pernambuco pela La Pèlerine e capturada por Portugal , ascendia a 62.300 ducados .
Pero Lopes reconquista a feitoria e põe têrmo à fortaleza bombardeando – a por dezoito dias. O Sr. De La Motte, que era o comandante, vendo que tão cedo não seria socorrido, propôs a capitulação, e Pero Lopes aceitou-a, prometendo vida e bens aos aliados, e levá-los a lugar livre, onde lhes daria a liberdade.
Assim, porém, não o fêz, apesar do juramento solene, prestado sôbre a hóstia consagrada; mandou enforcar o sr. De La Motte, mais vinte companheiros , dois entregues vivos aos índios para que os comessem , e os outros levou consigo para Portugal. El-Rei os mandou prender em Faro, onde passaram vintre e quatro meses : afinal foram soltos os que restavam , exceto onze que foram enforcados e quatro que morreram de maus tratos .
O episódio da Pèlerine assustou Portugal , estimulando a criação das Capitania Herditárias . Até ali , os franceses não tinham ousado desembarcar efetivos e construir edificações , agora tencionavam , pois , ficar , resistir e colonizar ...
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