UMA FESTA BRASILEIRA
EM ROUEN , 1550
Em 1º de outubro de 1550 , Rouen , capital da Normandia , recebe a visita da família real francesa – o rei Henrique II e sua esposa, Catarina de Médicis. Resolveu a cidade preparar uma inesquecível recepção à altura : uma inusitada festa brasileira. A atração principal seria uma peça sobre um dos palpitantes assuntos do momento , na Europa - os tão comentados costumes de exóticos indígenas do Novo Mundo .
A festa foi patrocinada pelo “lobby” de armadores e comerciantes da cidade, interessados em convencer real casal a investir mais nas expedições ilegais nas costas do Brasil .
Naquela data comparecram à festa além do real casal , Marguerite, a filha do rei, Mary Stuart - a futura rainha decapitada da Escócia - Nicolas de Villegaignon – futuro fundador da França Antártica - duques, condes, barões e embaixadores da Espanha, Inglaterra, Alemanha e Portugal, autoridades religiosas e almirantes . Apertados em seus veludos e brocados,ostentando suas joias faiscantes , nobres e autoridades aplaudiram com entusiasmo o espetáculo très “éxotique” daquela gente nua e bárbara .
Nos dois primeiros dias de outubro, Rouen é toda febrilmente decorada e , entre carrosséis, desfiles, danças e outras diversões, viu-se a teatralização da vida selvagem brasileira. Às margens do Sena, o cenário era impressionante : havia árvores enfeitadas com flores e frutos do Brasil e a maquete de uma réplica de aldeia indígena. Casas são cobertas de palhas, folhas e galhos, em torno de paliçadas, na forma e maneira das habitações dos aborígines do Brasil . Animais brasileiros, como papagaios de diversas cores, macacos, saguis e marmotas também comparecem.
Cerca de 50 nativos tupinambás , de tribos entre Pernambuco e Salvador são levados a Rouen . Para engrossar o elenco, são recrutados 250 franceses conhecedores de nossos pagos , todos desnudos, com enfeites no rosto, nos lábios e com as orelhas
perfuradas. Ao lado dos índios, os coadjuvantes franceses fumavam, dançavam, cantavam e comiam . Índios e figurantes pescavam, caçavam, namoravam nas redes, colhiam frutas e transportavam pau-brasil .
Mais que uma exibição, o que se viu ali foi verdadeira mostra de como se passava a vida no Ultramar .
Houve também uma simulação de ataque à aldeia tupinambá pelos tabajaras . No combate simulado, árvores vieram ao chão, canoas foram viradas e ocas foram incendiadas. Obviamente ao fim do ataque, os tupinambás, aliados dos franceses, derrotaram os tabajaras , amigos dos portugueses .
A celebração ficou esquecida por 3 séculos até 1850 , quando Denis publicou o livro “Une Fête Brésilienne Celebrée a Rouen en 1550” ( “Uma Festa Brasileira Celebrada em Rouen em 1550” ). Segundo ele, pela primeira vez, na Europa então, pôde-se ter uma ideia da vida que levavam os selvagens no distante Brasil com suas grandes florestas tropicais .
Jean – Ferdinand Denis ( 1798 - 1890 ) foi um viajante, bibliotecário , historiador e escritor francês , especialista em História do Brasil .
ESTRANHO REPRESENTANTES DE PORTUGAL?
ResponderExcluirTABAJARAS X TUPINAMBÁS?AFINAL QUAL O HOMELAND TABAJARA?
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