Pe. ANTONIO VIEIRA
O padre Antonio Vieira ( 1608 – 1697 ) foi um jesuíta missionário , escritor , orador sacro , diplomata e estadista luso-brasileiro , considerado um luminar da literatura portuguesa do Barroco .
Vieira é tido como um dos homens mais notáveis do mundo luso-brasileiro do século XVII e que praticamente governou Portugal , à sombra do Rei D.João IV , tal como o cardeal Richelieu fez na França do Rei Luís XIII .
Nenhum europeu teve naquela época uma visão tão abrangente sobre a Europa e o Ultramar colonizado ; Vieira enfrentou o provincianismo dos administradores de Lisboa “ que nunca tinham saído daquele canto do Mundo” . Fóra a sua vinda inicial ao Brasil , Vieira atravessou o Atlântico quatro vezes .
Ao longo de sua profícua vida Vieira conviveu com índios , escravos africanos e brancos no Brasil , e na Europa com políticos de Lisboa , diplomatas de Paris, Amsterdã ,cardeais do Vaticano , comerciantes , nobres e plebeus .
Vieira combatia a escravidião dos índios brasileiros , mas paradoxalmente , considerava a servidão dos negros africanos legal e legítima ; era implacável com os escravos fugidos do quilombo de Palmares mas defendia enfaticamente os indígenas fugitivos dos colonos de São Paulo .
Vieira mostra-se filo - semita , respeitando os judeus e o judaísmo . Ele defendia que aqueles judeus portuguêses que não tinham sido expulsos e que convertidos mais ou menos superficialmente ao cristianismo ( Cristãos - Novos ) deviam reconquistar a plenitude dos seus direitos de cidadania , algo que colidia frontalmente com o pensamento e a ação da Inquisição lusitana .
Assim , o mal seria utilizado para combater o mal , ou
seja , o dinheiro dos judeus portugueses seria usado contra os hereges dos Países Baixos . Os fins justificariam os meios , pois para o jesuíta “ a bondade das obras está nos fins, e não nos instrumentos ; as obras de Deus, todas são boas; os instrumentos de que se serve, esses sim, podem ser bons e maus ”.
O Pe. Antonio Vieira , advogava a todo o transe a idéia da paz com a Holanda , escrevendo em 1648 um polêmico parecer , que teve o título de “Papel Forte”, que lhe deu D. João IV. por achar fortíssima a sua argumentação.
Neste documento , Vieira propôs que Portugal entregasse a região do Nordeste à Holanda que considerava uma inimiga militarmente invencível , também porque gastava – se dez vezes mais com sua manutenção do que o que se obtinha em contrapartida , e outros argumentos .
Cronologia breve :
Em 1608 nasce Antonio Vieira , em Lisboa .
Em 1614 , Antônio Vieira chega com sua família à Bahia, onde seu pai passa a trabalhar como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia . Inicia os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas de Salvador .
Em 1634 é ordenado padre .
Em 1641 após a Restauração da Independência (1640), regressa à Lisboa onde conquista a admiração , amizade e a confiança de João IV de Portugal , sendo por ele nomeado embaixador.
Em 1646 , como diplomata , é enviado aos Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil à Holanda e , no ano seguinte vai à França.
Em 1648 redige o famoso parcer denominado “Papel Forte” .
Em 1652 volta ao Brasil , como missionário no Maranhão e Grão - Pará , sempre defendendo a liberade dos índios .
Em 1654 , o padre Antônio Vieira parte para Lisboa, para defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados , contra a cobiça dos colonos portugueses do Maranhão .
Em 1661 a Cia. de Jesus é expulsa do Maranhão ; Vieira retorna a Portugal, onde é perseguido e processado pela Inquisição . Parte para Roma, onde obtém a revisão de seu processo no Vaticano .
Em 1681 decide retornar para o Brasil , onde dedica-se à tarefa de continuar a coligir os seus escritos Sermões ( 200 ) e Cartas ( 500 ) .
Falece na Bahia , em 18 de julho de 1697, com 89 anos.
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